top of page
icones_azuis_instagram.png
icones_azuis_facebook.png
icones_azuis_youtube.png
logo_tipo_petróleo.png

Psicólogo Humberto de Almeida

Buscar

De médico e de louco

Foto do escritor: Humberto de AlmeidaHumberto de Almeida


De lugar comum e de sabedoria, toda expressão popular tem um pouco – e essa não é diferente. Realmente, não apenas de médico e de louco, mas de todas as peculiaridades humanas, cada um de nós tem um pouco. De sabedoria e de tolice; de prudência e de ousadia; de serenidade e de agressividade; de fantasia e de realidade. O que muda é a quantidade, e não a qualidade daquilo que nos constitui: somos feitos da mesma massa, tanto física quanto psíquica. É o que nos permite a empatia, não como capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, mas de imaginarmos como seria se estivéssemos no lugar do outro. O poeta latino Terêncio disse isso de forma mais elegante: Sou humano, e nada do que é humano me é estranho.

Pra tudo na vida existe uma justa medida

Da mesma forma, nossas emoções e sentimentos diferem apenas em intensidade e proporção. Todos conhecemos o medo, a alegria, a tristeza, o amor, a raiva, a esperança, a desesperança, a serenidade e a ansiedade. Entre uma vida saudável e produtiva, e uma existência malograda pelo sofrimento psíquico, há sempre uma questão de medida. O psiquiatra alemão Ludwig Binswanger chamou de extravagância ou exaltação uma das formas como a esquizofrenia se manifesta: segundo ele, como uma desproporção entre a base horizontal da experiência e a insistência da pessoa em se elevar na altura. Imagine um alpinista pouco experiente que escala uma montanha até um ponto de onde não consegue prosseguir nem retornar.

Como achar essa justa medida

Usado na justa medida, o que todos temos de humano pode engrandecer nossa existência: a coragem que faz o líder, a inteligência que faz o mestre, a generosidade que transforma o mundo. E isso não acontece por mágica, pela força do pensamento ou pelo simples desejo: é resultado do empenho diário, “da fatigante escalada que possibilita sua tradução em palavras e atos”, como diz Binswanger. Mas qual é, enfim, essa justa medida? Horácio, que era poeta e não matemático, não fez o cálculo. Aqui a psicologia, de novo, pede ajuda à poesia. Que o diga Fernando Pessoa, pela voz de Ricardo Reis:


Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.


Fernando Pessoa, Odes de Ricardo Reis

0 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page