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Psicólogo Humberto de Almeida

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Você tem medo de que?

Foto do escritor: Humberto de AlmeidaHumberto de Almeida


O medo é uma emoção humana básica, e tão adaptativa quanto a ansiedade: ambas nos põem em alerta, nos preparam para a luta ou a fuga. É também uma emoção primitiva, que compartilhamos com outras formas de vida, em especial com os animais superiores. No entanto, é uma emoção mais ambígua e cheia de nuances do que a ansiedade. Pode ser fonte de angústia e desconforto, mas também de prazer. Pode nos paralisar, e também nos predispor à resistência. Pode ser usada como arma de manipulação política e está sujeita a juízos de valor.

O medo como fonte de prazer

Pouca gente se disporia a praticar uma atividade que lhe despertasse ansiedade, tristeza ou nojo. No entanto, não são poucos os que se dispõem a experimentar o medo, seja assistindo a um filme de terror, seja despencando em uma montanha russa. Experiências como essas, vividas em situação de segurança, estimulam neurotransmissores como a adrenalina, que aumenta nossa capacidade de reação ao perigo, e a dopamina, responsável pela sensação de prazer. O medo protegido atrai até mesmo as crianças, que com isso aprendem a lidar com essa emoção.

Medo e juízo de valor

Nossa cultura nos induz a colocar o medo em oposição à coragem, como uma deficiência dos fracos e pusilânimes. Ocorre que o medo é uma emoção universal, um recurso que ao longo da evolução nos preservou dos perigos. A total ausência de medo nos poria tão vulneráveis quanto a ausência de um sistema imunológico. A coragem, portanto, não é ausência de medo, e sim a capacidade e a disposição psicológica de agir apesar dele. É um atributo humano que podemos aprender e cultivar.

O medo como instrumento de manipulação

As tiranias, os regimes discricionários e as instituições autoritárias podem diferir em muitos aspectos, mas têm em comum a habilidade de incutir e manipular o medo das pessoas. O medo, nesses casos, tem por objetivo estimular tanto a submissão quanto a agressividade: submissão ao poder e agressividade contra a suposta fonte do medo – o outro, o diferente. É interessante notar que as mesmas visões de mundo que estimulam o temor aos poderes ocultos que tramam a dominação global, ao diferente que quer destruir nosso modo de vida, são complacentes com os perigos reais: a pandemia, a sociedade armada, o ódio às diferenças.

Quando o medo se converte em transtorno

Colocando no plural a frase do poeta romano Terêncio: somos homens, e nada do que é humano nos é estranho. Do ponto de vista psicológico, e mesmo psicopatológico, isso significa que os afetos humanos diferem em quantidade, e não em qualidade. É o que nos permite compreender uns aos outros, ainda que as emoções nos afetem em intensidades diferentes. Uma mesma emoção – no caso, o medo – pode induzir à prudência e à cautela, que são adaptativas, e também ao pânico e ao terror, que podem ser insuportavelmente dolorosos e paralisantes.

Tudo depende da intensidade, e o medo desproporcionalmente intenso se torna patológico; quando específico, configura o que clinicamente se denomina fobia. Medo de altura, na acrofobia; medo de multidões e espaços abertos, na agorafobia; medo de espaços restritos e fechados, na claustrofobia; medo de se expor ao julgamento alheio e interagir com desconhecidos, na fobia social; sensação de desintegração e morte iminente no transtorno do pânico. Aqui chegamos ao terreno dos transtornos mentais e de comportamento, que demandam cuidado psicoterapêutico e psiquiátrico.

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